terça-feira, 21 de junho de 2011

MISSÃO DA CHESF


A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - CHESF, subsidiária das Centrais Elétricas Brasileiras S/A - ELETROBRÁS - foi criada pelo Decreto Lei n.º 8.031, de 03 de outubro de 1945, e constituída na 1ª Assembléia Geral de Acionistas, realizada em 15 de março de 1948. É uma sociedade de economia mista, aberta, sendo seu maior acionista o Governo Federal, através da Eletrobrás que detém 100 % do seu capital votante. É uma empresa de serviços públicos com contas a prestar à sociedade brasileira.
Possui um sistema de geração hidrotérmico, com predominância de usinas hidráulicas, que são responsáveis por percentual superior a 95% da produção total. O sistema de transmissão, abrange os Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, com 18.273 km de linhas de transmissão, em alta e extra alta tensão - 138, 230 e 500 mil volts e 93 subestações. Integrante do Sistema Elétrico Brasileiro Interligado, a Chesf faz intercâmbio de energia com todos os demais sistemas - Norte, Sul e Sudeste / Centro-Oeste, e é hoje a maior geradora e transmissora de energia elétrica do país.
Presente na Região e sintonizada com as diretrizes sociais e econômicas do Governo, a Chesf atua como um vetor de desenvolvimento sócio-econômico e cultural do Nordeste, buscando o aumento da participação da Região no desempenho da economia nacional e a conseqüente redução das diferenças regionais.
Consciente da sua responsabilidade social, a Chesf busca o fortalecimento da cidadania, através de ações nas áreas de pesquisa científica e tecnológica, educação, saúde e meio ambiente, bem como a promoção do desenvolvimento sustentável do Nordeste.

PEQUENO HISTÓRICO DA CHESF
1913 - Delmiro Gouveia constrói Angiquinhos, primeira usina do Nordeste a aproveitar o potencial hídrico da cachoeira de Paulo Afonso, no rio São Francisco.
1945 - Criação da Chesf, através do Decreto Lei nº 8.031, de 3 de outubro de 1945. Seu idealizador foi o engenheiro agrônomo Apolonio Sales, Ministro da Agricultura no governo do presidente Getúlio Vargas.
1948 - Realização da primeira Assembléia de Acionistas em 15 de março, formalizando o início das atividades da Chesf. O ano também foi marcado pelo começo da construção da hidrelétrica de Paulo Afonso I, primeira grande usina da Chesf erguida no rio São Francisco.
1954 - Entrada em operação da Usina de Paulo Afonso I, com 180 mil kW de potência instalada.
1961 - Criação da Eletrobrás, empresa do Governo Federal, encarregada de coordenar o setor elétrico brasileiro. Entrada em operação da hidrelétrica de Paulo Afonso IIA, com uma potência de 215 mil kW.
1967 - Funcionamento da usina de Paulo Afonso IIB. Mais 228 mil kW de potência instalada no Nordeste.
1971 - Funcionamento da usina de Paulo Afonso III. Uma usina com 794 mil kW.
1975 - A sede da Chesf foi transferida do Rio de Janeiro para o Recife.
1977 - Começo da operação da hidrelétrica Apolonio Sales, uma usina com 400 mil kW. O nome é uma homenagem ao idealizador da Chesf.
1979 - Entrou em operação a Usina Hidrelétrica de Sobradinho, com 1 milhão e 50 mil kW de potência instalada. Sobradinho gera energia a partir do aproveitamento das águas de um dos maiores lagos artificiais do mundo, o reservatório de Sobradinho, com uma área de 4 mil km² e capacidade de 34 bilhões de m³. Serve para regularizar a vazão do rio São Francisco.
Início do funcionamento da usina Paulo Afonso IV. A última e mais moderna do Complexo de geração em Paulo Afonso, Bahia, com uma capacidade instalada de 2 milhões 462 mil kW.
1981 - Interligação dos sistemas de transmissão de energia entre as regiões Norte e Nordeste. A Chesf e a Eletronorte iniciam o intercâmbio de energia através da rede Boa Esperança-Imperatriz.
1988 - Funcionamento da hidrelétrica Luiz Gonzaga (Itaparica), com uma capacidade instalada de 1 milhão e 480 mil kW
1994 - Entrou em operação a hidrelétrica de Xingó, a maior e mais moderna da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco. Sozinha, possui 30% da capacidade de geração de energia da Chesf, com uma potência instalada de 3 milhões e 162 mil kW.
1997 - Foi iniciado um novo ciclo de ampliação do sistema de transmissão, com o acréscimo de 2.324 km de linhas de transmissão, nas tensões de 500 e 230 kV, e adição de 8.466 MVA de transformação nas subestações, no período de 1997 a 2003, com investimentos realizados da ordem de R$ 2.055 milhões.
2000 - A Chesf começou a executar o maior programa de transmissão de energia já realizado na história do Nordeste. E começou a construção de mais de 5 mil e 400 quilômetros de linhas. Novas subestações e ampliações das existentes reforçam a transmissão de energia elétrica com mais 8 mil e 800 megavolt-ampères. O programa tem um investimento de 1 bilhão e 800 milhões de reais, que fazem surgir 240 mil empregos diretos e indiretos.
2002 - A Chesf dá o primeiro passo no novo Mercado Atacadista de Energia (MAE). No primeiro leilão de energia das empresas geradoras, a Companhia conquista 15 novos clientes de Norte a Sul do Brasil.
2003 - A Chesf volta a participar maciçamente na ampliação do sistema de transmissão do Nordeste, com a permissão especial para participar de licitações de concessão da ANEEL. Foi constituído o consórcio AC Transmissão, formado pela Chesf e pela Companhia Técnica de Engenharia Elétrica - ALUSA, que sagrou-se vencedor do lote C do leilão promovido pela ANEEL, ficando responsável pela implantação da LT 500 kV Teresina II / Sobral III / Fortaleza II C2, com extensão de 541 km e da ampliação das subestações terminais.

ECONOMIA DA BACIA HIDROGRÁFICA
Pela sua diversidade climática, extensão e características topográficas, a Bacia é dividida em quatro regiões: o Alto, Médio, Submédio e o Baixo São Francisco, nas quais podem ser caracterizadas três zonas biogeográficas distintas: a mata, a caatinga e os cerrados.
A exploração econômica da Bacia Hidrográfica do São Francisco começou no Século XVI com a plantação de cana-de-açúcar no Baixo São Francisco, a pecuária bovina no agreste e sertão e a extração mineral no Alto São Francisco.
No Século XIX, com a ocorrência de diversos fatores econômicos, tais como o desenvolvimento da produção cafeeira no sudeste, o esgotamento dos depósitos aluvionais de ouro, a queda do preço internacional do açúcar e o início das obras de infra-estrutura no litoral brasileiro, a economia da Bacia passou por uma fase de involução.
No início do Século XX, o Alto São Francisco procurou se integrar à economia do sudeste brasileiro, baseada na produção cafeeira e na industrialização ainda incipiente. As áreas do Médio e do Submédio São Francisco foram, então, fortemente afetadas, uma vez que ficaram isoladas, vivendo da agricultura de subsistência. Na região do Baixo São Francisco, procurou-se ampliar a área de produção de cana-de-açúcar.
A zona semi-árida, que, com o agreste, compreende 50% da área total da Bacia Hidrográfica do São Francisco, teve como principais atividades econômicas a pecuária, o algodão e as culturas de subsistência. A produção de algodão existiu até o final da década de 70 a meados dos anos 80 do século passado. Após esse período, as pequenas e médias cidades da Bacia começaram a receber contingentes populacionais sem qualificação profissional para atuarem nas fracas economias urbanas, que não têm, até hoje, infra-estrutura e atividades econômicas capazes de absorvê-los.
Os estudos para conhecimento da Bacia do São Francisco tiveram início no Brasil Império e prosseguiram até o presente, executados por várias entidades, representando hoje um enorme e importante cabedal de dados socio-econômicos e de informações técnicas e científicas sobre os seus recursos naturais.
Em 1945, o Governo Federal autorizou a criação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - CHESF, para o aproveitamento do rio na geração de energia elétrica. Três anos depois foi criada a Comissão do Vale do São Francisco - CVSF, nos moldes da Tennessee Valley Authority - TVA nos Estados Unidos, destinada a promover a valorização econômica da Bacia do São Francisco.
A CHESF, aproveitando as excepcionais condições naturais proporcionadas pelo desnível de Paulo Afonso, construiu as Usinas de Paulo Afonso I, II e III. Em 1955 foram inauguradas as três primeiras unidades de Paulo Afonso I. Posteriormente a Comissão do Vale do São Francisco, CVSF, construiu em trecho mineiro do São Francisco, a Barragem de Três Marias cuja Usina foi inaugurada em 1961. A partir da década de 70, objetivando regularizar as vazões do São Francisco e aumentar a geração de energia elétrica, a CHESF construiu a Barragem e Hidrelétrica de Moxotó e, posteriormente, as Barragens e Hidrelétricas de Sobradinho, Paulo Afonso IV, Itaparica e Xingó.
Além dos benefícios gerados pela produção de energia elétrica na Bacia do São Francisco, a injeção de recursos na economia local durante a construção das usinas, proporcionou o surgimento e desenvolvimento de cidades na região dos aproveitamentos hidrelétricos, as quais têm desempenhado um papel de pólo regional, a exemplo da cidade de Paulo Afonso na Bahia.
Os anos 70 do século passado foram, também, de grandes mudanças no que tange ao aproveitamento agrícola das zonas dos cerrados da Bacia com a chegada de milhares de agricultores do sul do país, atraídos pela grande disponibilidade de terras, a preços baixos. Em especial, no Oeste baiano, a agricultura vem crescendo a taxas extremamente altas produzindo-se arroz, milho, soja, algodão e frutas, com o uso de tecnologias avançadas. Essa produção fez surgir agroindústrias na região. Tais fronteiras econômicas vêm se deslocando para o Médio São Francisco, inclusive com organização cooperativa, tornando a econômia mais dinâmica.
A agricultura irrigada teve um crescimento significativo a partir dos anos 80, em especial após a criação do Programa de Irrigação do Nordeste - PROINE. Na Bacia, estão identificados cerca de 3.000.000 ha potencialmente irrigáveis dos quais cerca de 800.000 ha já foram estudados, projetados ou estão em operação. De acordo com estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA (1995), considerando o PIB por subáreas do Nordeste, as áreas metropolitanas e as de irrigação foram as que mais cresceram no período de 1970/1992. O Pólo Petrolina/Juazeiro é o melhor exemplo desse crescimento.
Neste início do Século XXI identificam-se dois destaques: a industrialização na Região Metropolitana de Belo Horizonte (Alto São Francisco) e a agricultura irrigada no Submédio e Baixo São Francisco.

REVITALIZAÇÃO E CONSERVAÇÃO
Mais de quatro séculos de exploração, em geral desordenada, da bacia do Velho Chico levaram os ambientalistas a considerá-lo atualmente um "rio doente".
Para isto, contribuíram o desmatamento, a poluição e a alteração do regime hídrico natural, decorrente da construção de barragens.
O desmatamento indiscriminado realizado para obter a lenha que serviu como combustível e para "liberar" terras para agricultura e pecuária, provoca carreamento de terras férteis, assoreamento e regime torrencial nos períodos de alta pluviosidade.
A poluição das águas tem origem nos esgotos não tratados, resíduos industriais, mineração, adubos químicos e defensivos agrícolas.
Finalmente, as barragens alteraram o regime hídrico natural, e as necessidades de energia elétrica do Nordeste aumentaram as vazões mínimas naturais e reduziram os piques de cheias. Além disso as barragens provocam retenção de sedimentos no interior dos reservatórios.
Tudo isto despertou a consciência da necessidade de um intenso e efetivo programa de Revitalização e Conservação do Rio São Francisco, e o maior desafio deste programa de Revitalização e Conservação é, atingida a Revitalização, proporcionar o uso dos recursos naturais da bacia, de forma sustentável, proporcionando o desenvolvimento econômico e social dos seus habitantes, e de dezenas de milhões de nordestinos que se beneficiam da energia elétrica nela gerada. Simultaneamente deve ser garantida a disponibilidade dos recursos naturais da bacia, para beneficiarem as gerações futuras.
Não é possível buscar restaurar a bacia do Rio, para condições iguais àquelas existentes quando os colonizadores europeus encontraram pela primeira vez sua Foz, em 4 de outubro de 1501.
Como será a bacia do Velho Chico revitalizada e conservada daqui a duas gerações?

TURISMO
A CHESF durante mais de cinqüenta anos construiu usinas hidrelétricas no Submédio e Baixo São Francisco (Sobradinho, Itaparica, Moxotó, Paulo Afonso I, II, III e IV e Xingó).
Mais de meio século de convivência com esses trechos do Velho Chico proporcionaram um profundo conhecimento de suas riquezas e belezas naturais, que podem ser uma importante fonte de geração de Trabalho e Renda para os Nordestinos, com uma exploração do potencial turístico.
Turismo Técnico: As usinas hidrelétricas da CHESF entre Itaparica e Xingó compõem um conjunto único no mundo, seja do ponto de vista da diversidade de barramentos, seja numa verdadeira aula da evolução dos equipamentos elétricos e mecânicos ao longo de meio século.
Turismo de Aventura: O rapel, as trilhas e as escaladas, são atrações disponíveis em larga escala.
Lazer: Os passeios de barco e a pesca podem ser praticados intensivamente nos lagos das usinas hidrelétricas.
Turismo Ecológico: A caatinga e o Raso da Catarina são atrações de grande impacto.
Turismo Histórico: A cidade de Piranhas, a usina de Angiquinho implantada por Delmiro Gouveia no início do Século XX e a Fábrica de Tecidos da Pedra (na atual cidade de Delmiro Gouveia) merecem ser conhecidas. Os achados arqueológicos que integram o Museu Arqueológico de Xingó contam a pré história da região do canyon e são complementados por dezenas de áreas com registros gráficos, em ambas as margens do canyon. Para que todo este potencial seja transformado em fonte de Trabalho e Renda em benefício das comunidades da microrregião, são necessários vultosos e persistentes investimentos em infra-estrutura: estradas, aeroportos, hotéis, restaurantes, saúde e segurança.

sábado, 21 de maio de 2011

A AGONIA DO “VELHO CHICO”



A AGONIA DO “VELHO CHICO”
Aníbal Alves Nunes
No dia quatro de outubro
De mil quinhentos e um
Vespúcio e Gonçalves Dias
Numa manhã em jejum
Descobriram o grande rio
Numa cena bem comum

Por ser o quatro de outubro
De São Francisco o dia
Louvaram à Jesus Cristo
E à virgem Santa Maria
Que fosse esse o nome
Batizado com alegria

Os olhos d’água que afloram
Vira um rio sem bramura
No Chapadão da Zagaia
Um retrato da ternura
Desce a Serra da Canastra
Num salto, numa aventura

Olhos d’água que borbulham
Lá nas Minas entre as serras
Nem parece com um rio
De São Roque e outras terras
Salta de um grande penhasco
Tão lento que quase emperra

Quem o viu nos áureos tempos
E tenta agora lembrar
Das claras e doces águas
Se põe logo a meditar
Que já não é mais o mesmo
Que caminha para o mar

Dos cento e sessenta e oito rios
Que deságuam em seu leito
Uns grandes, outros pequenos,
Outros cheios de defeitos,
Muitos deles tão poluídos
Que pra limpá-los não tem jeito

Duzentos e oitenta e três ilhas
Da nascente até o mar,
Pequenas, médias e grandes
Se tornaram o “habitat”
De tribos e de nativos
Que vivem a cultivar

Suas águas cristalinas
Se tornaram poluídas,
Barrentas, esverdeadas,
Agonizando em vida,
Como um velho moribundo
Que não encontra guarida.

Desmataram suas margens
Destruíram as fruteiras
Jacarandás, baraúnas,
Cedros brancos, cajazeiras,
Algarobas, canafístulas,
Mandacarus e craibeiras.

Nos períodos mais intensos
De chuvas na região
Por onde correm as águas
Inundando o sertão
Corre também desespero
No arrastar da plantação.

O rio segue seu curso
Como serpente assustada
Que tenta se defender
De gente famigerada
Que apodrece suas águas
Com lama envenenada.

Em muitas partes do rio
O assoreamento desponta.
Quem nada, pesca ou trafega,
Acha que passou da conta
E se os homens não cuidarem
Essa engrenagem desmonta.

São quase trem mil quilômetros
Desse rio a deslizar
Nas Minas e na Bahia,
No Pernambuco sem par,
Em Alagoas e Sergipe
Onde se encontra com o mar.

Quinze milhões de pessoas
Que margeiam o “Velho Chico”
Despejam os seus dejetos,
Seja pobre ou seja rico,
Como se o rio fosse
Um gigantesco penico.

Quinhentos e quatro cidades
Vivem em função desse rio
Mas não estão preocupadas
Com o imenso desafio
De dar vida ao rio que geme
E tem a vida por um fio.

Barqueiros e canoeiros
Que trafegam sem parar
Subindo ou descendo o rio
Numa luta sem cessar,
Já não encontram guarida
Nesta vida, nesse “mar”.

Pescadores, jangadeiros
Que pescavam toneladas,
Hoje até lamentam
Que a pesca não dê nada,
Porque as represas barraram
A piracema esperada.

Hoje o rio parece
Com um tapete mal feito
Com algas e baronesas
Flutuando em seu leito
A poluição é tamanha
Que parece não ter jeito.

Em favor do crescimento
Do Nordeste brasileiro
Barraram o São Francisco
Com paredões por inteiro
Engaiolando os peixes
Numa espécie de cativeiro.

Por falta da “escadaria”
Pros peixes subirem o rio
Infelizmente traçada
Em projeto que sumiu
A piracema esperada,
Ninguém sabe, ninguém viu.

A poluição começa
Na nascente altaneira
Que recebe o Rio das Velhas
Um tapete de sujeiras
De inúmeras cidades
E da capital mineira.

Perto dali as gaiolas,
Embarcações e jangadas
Já não trafegam seguras
Por causa das emboscadas:
Imensos bancos de areia
Que descem com as enxurradas.

Aqueles bancos de areia
Que parece não findar
Foram gerados por bandos
Que vieram degradar
Destruíram nosso rio
E sua mata ciliar.

Compraram os hectares,
Derrubaram a floresta,
Encheram de gado e uva,
Fizeram a grande festa,
Destruíram toda a fauna.
Pouco ou quase nada resta.

Nas margens do “Velho Chico”
São cultivadas fruteiras,
Hortaliças e rebanhos
Por entre as capoeiras,
Porque o rio é progresso
Da simples gente brejeira.

Dos produtos preferidos
Que brotam da irrigação,
Pinha, banana e coco,
Goiaba, manga e melão,
Melancia, seriguela,
Milho, abóbora e feijão.

Quase tudo é produzido
Com a intenção de exportar
Para os Estados Unidos,
Europa e Canadá.
Só fica mesmo o refugo
Depois de selecionar.

Hoje o rio comporta
Em toda a sua extensão
Quase quinhentos hectares
De cultivo em irrigação
Que contribuiu com o progresso
De toda a região.

O “Velho Chico” ocupa
Uma vasta extensão
Seiscentos e quarenta e cinco
A área de ocupação
Em quilômetros quadrados
Em grande parte da nação.

Que pena que o “Velho Chico”
Não esteja mais tão forte
Braços longos, estendidos,
Relegado à própria sorte
Afluentes poluídos
Sentenciando a sua morte.

Pra completar seu destino
Até queira Deus que não
Desde o ano de dois mil
Só falam em transposição
Que pena que não comentam
A revitalização.

Pernambuco, Paraiba,
Rio Grande do Norte, Ceará,
Quilômetros de canais
Sendo abertos sem parar,
Adutoras implantadas
Para as águas desviar.

É claro que o nordestino
É sobretudo, competente
E não iria extrair água
Do “Velho Chico” doente
Se não fosse autorizado
Por um governo decente.

Os nordestinos esperam
Do governo muita ação
Com muitos investimentos
Na revitalização
Para que o nosso rio
Vença a degradação.

Em toda a sua extensão
Houve assoreamento.
Degradado e poluído
Sem piedade e sentimento
O rio hoje parece
Desprezado e ao relento.

Os governantes precisam
Tomar sérias providências
Para evitar, sobretudo,
Dramáticas conseqüências
De um rio podre, sujo
E repleto de doenças.

Se o governo assim agir
Vai satisfazer a gente.
Tratando o São Francisco,
Tornando-o mais potente,
Restaurando suas margens
Da foz até a nascente.

Se o contrário fizer
E não lhe der atenção,
Vai transformar nosso rio
Num imenso caldeirão
De águas podres e turvas,
O “Tietê” do sertão.

Revitalizando o rio
Da nascente até a foz
O governante declara
Que entendeu a nossa voz
Vai ser bom para o Nordeste
E melhor pra todos nós.

Este poema foi feito
Por um poeta de brio
Que nunca mediu distância
Para vencer desafio,
Que luta desde criança
Em defesa desse rio.

Defensor da natureza,
Das nascentes, fauna e flora,
Que nunca mediu distância
Para preservar, agora,
A vida do “Velho Chico”
Que está quase indo embora.

Se todos agirem assim
O rio se torna potente
E sua transposição
Se definirá latente
Nem vai parecer que “eles”
Sugaram sangue de um doente.

Barranqueiros e nativos
Povo forte, povo arisco,
Nossa luta continua
Mesmo tendo muito risco
Em defesa de vida plena
Para o Rio São Francisco.

Ele é nossa esperança
Progresso e salvação.
Precisamos defendê-lo
Em prol de todo o sertão.
O São Francisco é da gente,
É nosso pai, nosso irmão.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010


DESCOBRIMENTO DO RIO SÃO FRANCISCO

EM 4 DE OUTUBRO DE 1501, O GENOVÊS AMÉRICO VESPÚCIO ACOMPANHADO DE GONÇALVES DIAS, À BORDO DE UMA CARAVELA COMANDADA POR GONÇALO COELHO, DESCOBRIU O FORMOSO ESTUÁRIO DO NOSSO GRANDE RIO. COMO 4 DE OUTUBRO É DIA DE SÃO FRANCISCO, OS DESCOBRIDORES O BATIZARAM COM O NOME DO SANTO.

OURO EM SUAS RIBANCEIRAS
NO SÉCULO XVII, HOUVE UMA TRANSFORMAÇÃO GIGANTESCA EM TODA EXTENSÃO DO RIO COM A NOTÍCIA DE QUE HAVIA SIDO DESCOBERTO OURO EM SUAS RIBANCEIRAS. O RIO, CONHECIDO COMO “VELHO CHICO”, SE TORNOU UMA IMENSA ESTRADA. MILHARES DE EMBARCAÇÕES CRUZARAM SEU LEITO DA IDADE DO COURO À IDADE DO OURO.

EXPLORAÇÃO DESENFREADA
DURANTE MAIS DE 500 ANOS DE DESCOBERTA E DE EXPLORAÇÃO DO OURO DE MINAS, ESCRAVOS, ÍNDIOS, ANIMAIS SILVESTRES E MADEIRA DAS ENCOSTAS, ATRAVÉS DE GAIOLAS, CANOAS E BARCOS.
OS EXPLORADORES DERAM VIDA AO RIO PORÉM, TROUXERAM COMO CONSEQUÊNCIA O ASSOREAMENTO EM TODA SUA EXTENSÃO.

A ALAVANCA DO NORDESTE
O RIO SÃO FRANCISCO É HOJE A MAIS IMPORTANTE ALAVANCA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE E É ALIMENTADO POR MAIS 168 PEQUENOS AFLUENTES.
POSSUI 2.660 QUILÔMETROS DE EXTENSÃO, BANHA 504 CIDADES DE MINAS GERAIS, BAHIA, ALAGOAS, PERNAMBUCO E SERGIPE.

14 MILHÕES DE BARRABQUEIROS
UMA ÁREA EQUIVALENTE A 645 MIL KM2, ONDE VIVEM 14 MILHÕES DE NORDESTINOS, CONHECIDOS COMO: “BARRANQUEIROS DO SÃO FRANCISCO”. O RIO POSSUI 283 ILHAS, SENDO A MAIOR DELAS, A DE ASSUNÇÃO, COM 17 KMS DE EXTENSÃO, NO MUNICÍPIO DE CABROBÓ-PE, ONDE VIVE A TRIBO INDÍGENA TRUKÁ.

300 MIL HECTÁRES IRRIGADOS
EM SUAS MARGENS, TEMOS HOJE, EM TORNO DE 300 MIL HECTARES DE ÁREAS IRRIGADAS, QUE EMPREGA QUASE 1 MILHÃO DE PESSOAS.
OS 2.660 QUILÔMETROS DE EXTENSÃO DO “VELHO CHICO” SE ESTENDEM DA NASCENTE, NA SERRA DA CANASTRA EM MINAS GERAIS, ATÉ O MUNICÍPIO DE PENEDO EM ALAGOAS.

PALAVRAS DO IMPERADOR
NO DIA 13 DE SETEMBRO DE 1859, DOM PEDRO II, EM SUA CARAVELA AMAZONAS, AVISTOU A FOZ DO RIO SÃO FRANCISCO E INICIOU SUA VIAGEM A PAULO AFONSO. DIA 20 DE OUTUBRO MANDOU AFIXAR O BRONZE COMEMORATIVO A SUA VISITA.

IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE
A BACIA DO SÃO FRANCISCO POSSUI UMA ÁREA DE 645 QUILÔMETROS QUADRADOS. DE EXTENSÃO. SEU MAIOR TRECHO NAVEGÁVEL SE ENCONTRA EM PIRAPORA, MINAS GERAIS, COM EXTENSÃO DE 1.371 KMS.

ENERGIA PARA O NORDESTE
O POTENCIAL HIDRELÉTRICO DO RIO SÃO FRANCISCO É APROVEITADO PELAS USINAS DE SOBRADINHO, ITAPARICA, PAULO AFONSO E XINGÓ.

A POLÊMICA TRANSPOSIÇÃO
NO ANO 2000 COMEÇOU A SER DISCUTIDA A TRANSPOSIÇÃO DAS ÁGUAS DO VELHO CHICO ATRAVÉS DE ADUTORAS E CANAIS DE IRRIGAÇÃO PARA LEVAR ÁGUA ÀS REGIÕES MAIS SECAS DO NORDESTE E ALIMENTAR RIOS TEMPORÁRIOS.
O ASSUNTO VIROU POLÊMICA PORQUE O RIO, ATUALMENTE, PRECISA SER REVITALIZADO.
NO PONTO DE VISTA DE GRANDE PARTE DOS NORDESTINOS, É COMO SE TIVESSE DE EXTRAIR SANGUE DE UM DOENTE.

NASCENTE DO RIO SÃO FRANCISCO
O RIO SÃO FRANCISCO, NASCE NA SERRA DA CANASTRA, EM SÃO ROQUE-MG, NO CHAPADÃO DA ZAGAIA, ONDE NÃO HÁ MAIS VEGETAÇÃO, PRATICAMENTE UMA PLANÍCIE VARRIDA POR FORTES VENTOS, QUASE DESÉRTICA. LÁ FOI CRIADO O PARQUE NACIONAL, EM 1972, PARA PROTEGER A NASCENTE DO RIO.

CACHOEIRA DO CASCA DANTAS
EM UM PEQUENO FILETE D’ÁGUA, ESCORRE PELO CHAPADÃO, TENDO LOGO ABAIXO DE SUA NASCENTE, UMA PONTE DE APENAS QUATRO METROS DE LARGURA. CERCA DE 20 KM APÓS, SUAS ÁGUAS SÃO ENGROSSADAS POR ÁGUAS DE OUTRAS NASCENTES E DESPENCA DO CHAPADÃO, FORMANDO A CACHOEIRA DO CASCA DANTAS, NUM SALTO DE QUASE 100 METROS DE ALTURA, NUMA BELEZA EXTASIANTE, VISITADA, EM 1819, PELO NATURALISTA FRANCÊS, AUGUSTE DE SAINT-HILAIRE.

MAIORES AFLUENTES
DOS 168 AFLUENTES DA BACIA DO SÃO FRANCISCO, OS MAIORES SÃO: O RIO DAS VELHAS E O PARACATU, EM MINAS GERAIS, O RIO GRANDE E O CORRENTES, NA BAHIA E OUTROS MENORES, COMO O IPANEMA E O MOXOTÓ EM ALAGOAS E PERNAMBUCO.

O PRIMEIRO POVOADO
DUARTE COELHO, EM 1545, INSTALOU O PRIMEIRO POVOADO ONDE SE LOCALIZA HOJE, A CIDADE DE PENEDO. LÁ FOI ERGUIDO O FORTE MAURÍCIO, EM HOMENAGEM A NASSAU.
EM 1549, TOMÉ DE SOUZA RECEBEU ORDENS DE DOM JOÃO III PARA "PROVIDENCIAR A DOMINAÇÃO DAS MARGENS DO RIO SÃO FRANCISCO”.

A SESMARIA DE GARCIA D’ÁVILA
O VALENTE FRANCISCO GARCIA D’AVILA, DONO DA METADE DO ESTADO DA BAHIA E TODO O SERGIPE, FOI ENTÃO ENCARREGADO DE PENETRAR O SÃO FRANCISCO, ESCRAVIZAR ÍNDIOS E CRIAR GADO.
OS FUGITIVOS DA CADEIA E OS LADRÕES DE GADO AVANÇARAM RIO ADENTRO, JUNTAMENTE COM OS ÍNDIOS DO LITORAL QUE DALI FORAM RECHAÇADOS.
PADRE NAVARRO, PRIMEIRO MISSIONÁRIO A CONQUISTAR A REGIÃO SÃOFRANCISCANA, REGISTROU ESSES FATOS.

A MORTE LENTA DO “VELHO CHICO”
A MORTE DO VELHO CHICO TEVE INÍCIO COM A DEVASTAÇÃO DAS MATAS CILIARES, POUCOS ANOS DEPOIS DO SEU DESCOBRIMENTO. AS MATAS SÃO RECURSOS IMPORTANTES PARA CONSERVAÇÃO DESSAS FONTES, PROTEGENDO-AS CONTRA A EVAPORAÇÃO, EROSÃO E INFLUINDO NA RETENÇÃO DA ÁGUA SUPERFICIAL, SUJEITA À INSOLAÇÃO. EM FUTURO PRÓXIMO, A FALTA DESSAS MATAS INFLUIRÃO NA DIMINUIÇÃO DO REGIME PLUVIOMÉTRICO, SECANDO OS MANANCIAIS.
INFELIZMENTE, HOJE, AS MARGENS ARENOSAS, DESMORONAM COM FACILIDADE, ESTENDENDO-SE NUMA ZONA DESÉRTICA DA SERRA DA CANASTRA AO ATLÂNTICO.
QUEM PERCORRE ATUALMENTE AS REGIÕES ESTUDADAS POR LIAIS E HENRIQUE HALFELD, NÃO ESCAPA DE UM SENTIMENTO DE TERROR. UM FENÔMENO ALARMANTE QUE NINGUÉM PODE CONTESTAR.

O PERIGO DAS ESTIAGENS
A FAIXA SECA, SEM AFLUENTES PERENES, VAI DA BARRA ATÉ A FOZ, NUMA DISTÂNCIA DE 980 KMS. ESTA GRANDE ÁREA SECA, QUE SÓ LHE FORNECE ÁGUA NAS CHEIAS É QUE CAUSA A VARIAÇÃO NA DESCARGA DO RIO: CERCA DE 12.000 M³/S, EM JANEIRO E FEVEREIRO, A 800 M³/S, EM AGOSTO E SETEMBRO.

DESMATAMENTO SELVAGEM
DEVIDO AO DESMATAMENTO EM SUAS MARGENS A EROSÃO É INTENSA. NAS GRANDES CHEIAS, A ÁGUA CARREGA, CERCA DE 6.000 TONELADAS DE AREIA E TERRA POR HORA.

EVAPORAÇÃO DAS ÁGUAS
A SUPERFÍCIE EXPOSTA DO RIO SÃO FRANCISCO, SUPERIOR A 90.000 HECTARES DE LÂMINA D’ÁGUA, DEVE EVAPORAR, MAIS DE 6 MILHÕES DE M³ D’ÁGUA POR DIA.
MAURÍCIO ROBERTO, DA EMATER DE MINAS GERAIS, ANALISANDO O PROCESSO DE ASSOREAMENTO DO SÃO FRANCISCO, AFIRMA QUE EM 2.060, O RIO ESTARÁ ASSOREADO E SECO.

TRANSPOSIÇÃO SEM SENTIDO
O GOVERNO FEDERAL QUER, A QUALQUER CUSTO, IMPLANTAR ESSE CANAL FARAÔNICO DE TRANSPOSIÇÃO, NUM FLAGRANTE DESRESPEITO À CONSTITUIÇÃO (ARTIGO 224) E AO POVO FAMINTO DO SERTÃO INCORRENDO, EM CRIME DE LESA-PÁTRIA, POR DEPREDAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO.

REVITALIZAÇÃO DO RIO
UMA DAS AÇÕES MAIS IMPORTANTES DO GOVERNO FEDERAL, SERIA A REVITALIZAÇÃO DE TODA EXTENSÃO DO RIO, PARA BARRAR O ASSOREAMENTO E SUA ASSUSTADORA DEGRADAÇÃO.

CRIME CONTRA A NATUREZA E A POPULAÇÃO
O POVO EXIJE UMA AÇÃO JURÍDICA URGENTE, PARA QUE NÃO SEJA CONSUMADA A TRANSPOSIÇÃO QUE, CERTAMENTE, NOS LEVARÁ A AMARGAR O PREÇO DA IRRESPONSABILIDADE DAQUELES QUE DEFENDEM SEUS INTERESSES, ACIMA DOS INTERESSES DA NAÇÃO.

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE – ESTOCOLMO, 1972:
PRINCÍPIO 1 - O HOMEM TEM DIREITO FUNDAMENTAL À LIBERDADE, À IGUADADE, E AO DESFRUTE DE CONDIÇÕES DE VIDA ADEQUADAS, EM UM MEIO AMBIENTE DE QUALIDADE TAL QUE LHE PERMITA LEVAR UMA VIDA DIGNA, GOZAR DE BEM-ESTAR E É PORTADOR SOLENE DE OBRIGAÇÃO DE PROTEGER E MELHORAR O MEIO AMBIENTE, PARA AS GERAÇÕES PRESENTES E FUTURAS...”

PRINCÍPIO 2 – OS SERES HUMANOS ESTÃO NO CENTRO DAS PREOCUPAÇÕES COM O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. TÊM DIREITO UMA VIDA SAUDÁVEL E PRODUTIVA, EM HARMONIA COM A NATUREZA”

PRINCÍPIO 3 – O DIREITO AO DESENVOLVIMENTO DEVE SER EXERCIDO, DE MODO A PERMITIR QUE SEJAM ATENDIDAS EQUITATIVAMENTE AS NECESSIDADES DE GERAÇÕES PRESENTES E FUTURAS”.
PARA QUE O DESENVOLVIMENTO SEJA CONSIDERADO SUSTENTÁVEL, NECESSÁRIO QUE O PROGRESSO SEJA ECONOMICAMENTE VIÁVEL, SOCIALMENTE JUSTO E JURIDICAMENTE POSSÍVEL.

DADOS SOBRE A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
ÁGUAS POLUÍDAS - APENAS 2,7% DA ÁGUA DO PLANETA É PRÓPRIA PARA CONSUMO. EXCLUINDO O QUE ESTÁ CONGELADO NOS PÓLOS, O QUE SOBRA É MENOS DE 1% PARA BEBER. SOMENTE 0,7% ESTÁ ESCONDIDO NO SUBSOLO E MÍSEROS 0,007% ESTÁ NA FORMA DE RIOS E LAGOS;

CHUVAS ÁCIDAS - CHUVA COM ALTA CONCENTRAÇÃO DE ÓXIDO DE NITROGÊNIO (NO) E DIÓXIDO DE ENXOFRE (SO2), LIBERADOS COM A QUEIMA DE CARVÃO E ÓLEO (ENERGIA UTILIZADA PARA INDÚSTRIA E VEÍCULOS). EX: EFEITO: DESTRUIÇÃO DA VEGETAÇÃO, ETC.

EFEITO ESTUFA – AQUECIMENTO DA TERRA EM VIRTUDE DA EMISSÃO DE GASES POLUIDORES. EX: CO2, CO, CFC. O EFEITO ESTUFA CAUSA O DERRETTIMENTO DAS CALOTAS POLARES E CONSEQUENTEMENTE ELEVA OS NÍVEIS DOS OCEANOS; PROVOCA O AQUECIMENTO GLOBAL;

BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO - A CAMADA DE OZÔNIO SE SITUA NA ESTRATOSFERA, A UMA ALTITUDE DE 20-35 KM, COM ESPESSURA DE 15 KM, QUE IMPEDE A RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA SOLAR. EX: CAUSA DOENÇA DE CÂNCER DE PELE;

DESTRUIÇÃO DA FLORA - CERCA DE 93% DA MATA ATLÂNTICA SE ENCONTRA DEVASTADA.
PREVISÃO LEGAL DE TUTELA AO MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO DE 1988:
ART. 23, VI – DA CF/88: “PROTEGER O MEIO AMBIENTE E COMBATER A POLUIÇÃO EM QUALQUER DE SUAS FORMAS”;

ART. 170, VI – DA CF/88: “DEFESA DO MEIO AMBIENTE, INCLUSIVE MEDIANTE TRATAMENTO DIFERENCIADO CONFORME O IMPACTO AMBIENTAL DE PRODUTOS E SERVIÇOS E DE SEUS PROCESSOS DE ELABORAÇÃO E PRESERVAÇÃO”;

ARTIGO 225 CAPUT DA CF 88: “TODOS TÊM DIREITO AO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO, BEM DE USO COMUM DO POVO E ESSENCIAL À SADIA QUALIDADE DE VIDA, IMPONDO-SE AO PODER PÚBLICO E À COLETIVIDADE O DEVER DE DEFENDÊ-LO E PRESERVÁ-LO PARA AS PRESENTES E FUTURAS GERAÇÕES”.

ASPECTOS SOBRE OS RECURSOS AMBIENTAIS
A DOUTRINA CLASSIFICA OS ELEMENTOS SOB O PONTO DE VISTA DA DURABILIDADE EM RECURSOS AMBIENTAIS RENOVÁVEIS E NÃO-RENOVÁVEIS.

RECURSOS AMBIENTAIS RENOVÁVEIS - AQUELES QUE HÁ POSSIBILIDADE DE RENOVAÇÃO DE TEMPOS EM TEMPOS. EX: FAUNA (ANIMAIS) E FLORA (VEGETAIS).
EX. DE FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEIS - CONSIDERADAS ENERGIAS ALTERNATIVAS
O SOL – ENERGIA SOLAR, O VENTO – ENERGIA EÓLICA, RIOS E CORRENTES DE ÁGUA DOCE – ENERGIA HIDRÁULICA, OS MARES E OCEANOS – ENERGIA MAREOMOTRIZ OU DAS ONDAS, A MATÉRIA ORGÂNICA – BIOMASSA, O CALOR DA TERRA – ENERGIA GEOTÉRMICA
RECURSOS AMBIENTAIS NÃO – RENOVÁVEIS – SÃO OS ELEMENTOS QUE NÃO HÁ POSSIBILIDADE DE RENOVAÇÃO PELA NATUREZA, APÓS SEU CONSUMO.
EX: MINÉRIOS DE FERRO, PETRÓLEO, ETC.
AS ENERGIAS NÃO RENOVÁVEIS SÃO ATUALMENTE AS MAIS UTILIZADAS, COMO O PETRÓLEO, O CARVÃO E O GÁS NATURAL. A COMBUSTÃO LIBERA DIÓXIDO DE CARBONO (CO2) PARA A ATMOSFERA, CAUSANDO O AUMENTO DE EFEITO ESTUFA, GERANDO O AQUECIMENTO GLOBAL.
IMPORTANTE – ALGUNS RECURSOS RENOVÁVEIS, COMO A ÁGUA DOCE, PODEM SE TORNAR NÃO-RENOVÁVEIS, EM CONSEQUÊNCIA DO CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO E DO MAU USO QUE DELES FAZEMOS.
EX: ÁGUAS POLUÍDAS - APENAS 2,7% DA ÁGUA DO PLANETA É PRÓPRIA PARA CONSUMO. EXCLUINDO O QUE ESTÁ CONGELADO NOS PÓLOS, O QUE SOBRA É MENOS DE 1% PARA BEBER. SOMENTE 0,7% ESTÁ ESCONDIDO NO SUBSOLO E MÍSEROS 0,007% ESTÁ NA FORMA DE RIOS E LAGOS.

UM RIO DOENTE QUE CAMINHA PARA A DEGRADAÇÃO
O rio São Francisco, que até pouco tempo era dono das águas mais cristalinas do mundo, hoje geme nos grotões das corredeiras, com suas águas verdes de tantas algas, lodo e baronesas, quase sem peixes e sem vida.
São 14 milhões de habitantes em suas margens, distribuídos entre 504 cidades, despejando dejetos, produtos químicos, agro-tóxicos e milhões de toneladas de lixo em seus 2660 quilômetros de extensão, desde o Chapadão da Zagaia, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, até o encontro com o mar em Piaçabussu, entre Alagoas e Sergipe.

TIETÊ, O EXEMPLO DE UM RIO QUE MORREU
O rio Tietê, por exemplo, que poderia servir de modelo para o mundo, caso os governantes o tivessem tratado e preservado, hoje não estaria servindo tão somente de depósito de esgotos produzidos e despejados diariamente em seu leito por milhões de paulistanos.
A ganância dos empresários faz com que abandonem o meio ambiente e não se preocupem com a qualidade do ar, das nascentes, dos rios, fauna e flora, mas, sobretudo, com a quantidade de dólares na conta.
A floresta amazônica geme ao som das moto-serras e a terra treme com o avanço das correntes e tratores que arrastam centenas de árvores por minuto, milhares por dia, milhões delas por ano.

A GANÂNCIA DESENFREADA DOS PODEROSOS
O avanço da devastação dos rios, mares e florestas é gigantesco e a ganância desenfreada dos poderosos, caminha a passos largos.
A eles não interessa que a poluição dos rios e mares gere devastação, fome, doenças e desemprego.
Eles não se preocupam com o ar pesado, venoso e ofegante dos grandes centros industrializados.
E que em muitas partes dos oceanos há formações de platôs de lixo que mais parecem imensas ilhas com centenas de quilômetros de extensão e de largura.

AS GUERRAS POR ÁGUA POTÁVEL SE APROXIMAM
O mundo começa a sentir sede e as guerras por água, certamente terão início nos próximos anos.
As reservas de água potável do planeta não atingem 5% e nada tem sido feito para despoluir importantes rios e lagos em vários continentes.
O mundo começa a sentir sede e em breve as populações viverão terríveis dramas por falta de água potável.

SEIS POR CENTO É O TOTAL DE TODA ÁGUA POTÁVEL DO PLANETA
Gigantescos aquíferos, como o Guarani, que se estende do sub-solo de São Paulo ao Paraná e mais alguns entre a África, Europa, Ásia e América, mal representam 0,007% da água potável do planeta.
Enquanto os poderosos esbanjam suas riquezas e superlotam os cofres dos bancos do mundo inteiro, milhões de pessoas, principalmente, crianças e idosos da África, Ásia, Emirados e das Américas, gritam de fome e sede e gemem doentes.
Os seus governantes preferem investir em armas, aviões de luxo, mansões e mordomias ao invés de saciar a fome e sede de tantos inocentes.
Nesse sentido, se faz necessário que todas as pessoas unidas e coesas façam as suas partes e, de forma justa e unida, lutem para que outras pessoas repitam cada gesto e ação em defesa de um mundo cada vez melhor para toda a humanidade.


VIVA O NOVO, VIVA O VELHO,
VIVA O POBRE, VIVA O RICO,
VIVA JOANA, VIVA O CHICO,
VIVA O RIO SÃO FRANCISCO!

Aníbal Nunes

OS PRIMEIROS PASSOS DE PAULO AFONSO
Afrânio de Carvalho

Como se o destino conspirasse para facilitar-me o conhecimento da cachoeira de Paulo Afonso, Landulfo Alves, então governador da Bahia, sempre me convidava para excursões ao interior. De tal modo as visitas calaram no meu espírito que me induziram a pensar obsessivamente no aproveitamento da cachoeira, com uma grande usina hidrelétrica que fornecesse energia ao nordeste, pois seria o meio mais acertado de erradicar a miséria ali reinante. A cachoeira costumava ser invocada pelo espetáculo de grandiosidade e beleza por poetas, escritores, geógrafos, pintores e homens públicos. Delmiro Gouveia realizou em 1913 um pequeno aproveitamento da cachoeira, com uma usina de 1.500 HP, para servir a sua fábrica de linhas de coser na vizinha localidade de Pedra, Alagoas. A obra foi realizada mediante concessão do Estado de Alagoas, pelo Decreto nº 520 de 12/08/1911. O Imperador Dom Pedro II foi conhecer a cachoeira em 1859, pernoitando no local chamado Limpo do Imperador, quando fez anotações no seu diário, que está no Museu Imperial, Petrópolis, Rio de Janeiro.
O desequilíbrio entre o nordeste e o sul, o abismo que separava um do outro, tornava a construção da hidrelétrica imperiosa e premente. Maior vulto e significado a cachoeira assumiu a meus olhos quando me coube o ensejo de medi-la na qualidade de presidente da Subcomissão de Abastecimento da Bahia, em 1943. Após a deposição de Getúlio Vargas em 29/10/1945 e a interinidade de José Linhares, assumia o poder o Presidente Dutra. Quando Daniel de Carvalho, seu Ministro da Agricultura, me convidou para chefe de seu gabinete, exultei com a possibilidade de incluir no programa o aproveitamento prioritário da cachoeira de Paulo Afonso. A energia que ali se gerasse seria o instrumento para redimir o nordeste e dissipar uma desigualdade profundamente injusta para a sua gente. Foi então que tomei conhecimento de que já existiam dois decretos que objetivavam a mesma finalidade, expedidos no governo Vargas, mas que, com sua deposição, haviam ficado em ponto morto. O aproveitamento de Paulo Afonso havia sido combatido tenazmente pelo Ministro Souza Costa, que afirmava que gastar dinheiro alí seria desperdício.
O processo foi então guardado pelo Dr. Sebastião de Santana Silva, auxiliar do Ministro Apolônio Sales. Também o economista Eugênio Gudin visitara Dutra para dizer-lhe que a construção seria uma loucura, pois, entre outras razões, sequer haveria mercado. Nesse ano (1948) Daniel de Carvalho, Ministro da Agricultura, convenceu Dutra contra a opinião de Gudin. A Chesf havia sido criada em 1945 por Getúlio Vargas, mas só em 1948 Dutra iniciou a obra. A decisão de Dutra de construir Pulo Afonso foi um grande momento da história do Brasil. A conspiração dos derrotistas e negativistas nos gabinetes alastrou-se para combater a obra sob os mais variados pretextos, mas a oposição de hoje será o aplauso de amanhã.
O Ministro Daniel de Carvalho levou ao Presidente Dutra uma lista de três nomes, dentre os quais deveria ser escolhido o organizador e futuro presidente da companhia. Foi escolhido o Engº. Antônio José Alves de Souza, que tinha uma longa tradição de inteligência, cultura e serviços, sendo respeitado tanto pelo seu caráter como pela competência profissional. Engenheiro civil e de minas, formado pela Escola de Minas de Ouro Preto, estava ligado a Paulo Afonso desde 1921, quando, com os engenheiros Jorge Menezes Werneck, Jaime Martins de Souza, Mário Barbosa de Moura e Mengálvio da Silva Rodrigues, fizera o levantamento topográfico da área, por designação do ministro Simões Lopes, no Governo de Epitássio Pessoa. Estava talhado para a missão. Pela Portaria nº 553 de 02/10/47 o Ministro Daniel encarregou Alves de Souza de organizar a grande empresa. Graças ao governador baiano Otávio Mangabeira, a Luiz Viana Filho, Clemente Mariani, Juracy Magalhães e Pereira Lira, a Bahia e a Paraíba foram incluídas no programa. O lançamento oficial da abertura da subscrição pública das ações preferenciais da Companhia foi feito pelo Presidente Dutra, no Palácio do Catete, em 01/12/47.
Alves de Souza não teve dificuldade em formar a sua diretoria. Convidou o General Carlos Berenhauser Júnior, engenheiro eletricista, para Diretor Comercial; Eng.º Adozindo Magalhães de Oliveira, ex-colega da Divisão de Águas, para Diretor Administrativo; e o Eng.º Otávio Marcondes Ferraz para Diretor Técnico. Como Consultor Jurídico, eu, Afrânio de Carvalho. Como o estatuto da Chesf, constituída em assembléia em 15/03/1948, fixara o Rio de Janeiro como seu domicílio, após as primeiras reuniões em salas emprestadas a empresa comprou o 15º andar do edifício 134 da Rua Visconde de Inhaúma, centro do Rio, onde esteve durante 27 anos, até a mudança para Recife em 1975. Com o falecimento do Diretor Administrativo, Eng.º Adozindo Magalhães, em 14/06/53, fui nomeado seu substituto.
De início a Diretoria Técnica de Marcondes Ferraz ficou na sede, onde contava com a assessoria de Domingos Marchetti, além dos engenheiros Gentil Norberto, José Vilela e Júlio Miguel de Freitas. Em 1949 a diretoria técnica mudou-se para Paulo Afonso com todos os engenheiros. Com o tempo, outros engenheiros foram incorporando o quadro: Ernani Gusmão, Othon Soares, Dermeval Rezende, Hilton Fiúza de Castro, Hermínio Keer, Hélio Gadelha de Abreu, Nédio Lopes Marques.
O Presidente Alves de Souza dividia o seu tempo entre o Rio e Paulo Afonso, onde sua presença motivava os trabalhadores, levantava os ânimos e alegrava todos os colaboradores, dos engenheiros aos operários, com os quais sempre manteve estreito contato pessoal, até sua morte em 18/12/61,em Paulo Afonso, ficando o seu coração sepultado ao pé do seu busto no Jardim Belvedere, a seu pedido. A escrivã Maria de Lourdes Martins Barros, do Cartório de Registro Civil de Paulo Afonso, lavrou a certidão de óbito n.º 309, folha 155, livro 6, sendo Alves de Souza sepultado no Cemitério São João Batista, Botafogo, Rio de Janeiro.
Por sua vez, Marcondes Ferraz, indo residir em Paulo Afonso com sua senhora Dona Marieta Ferraz, dera um magnífico exemplo, estimulando engenheiros, médicos, advogados, técnicos e professores a fazerem o mesmo, imprimindo unidade e segurança, contribuindo para que alí se formasse uma comunidade impregnada de espírito familiar. Para exercer funções de “prefeito” do acampamento, Dr. Adozindo designou seu próprio assistente Dr. José Gomes Barbosa, depois substituído pelo Dr. Sílvio Quintela.
A seleção rigorosa dos dirigentes, a boa vontade dos dirigidos, o relacionamento expontâneo entre todos, compuseram um ambiente propício à colaboração e ao rápido progresso das obras. O trabalho era feito de coração tranqüilo e sorriso nos lábios. Enquanto o Eng.º Marchetti supervisionava as escavações dos túneis, os engenheiros Gentil Norberto, Roberto Montenegro e Reginaldo Sarcinelli eram responsáveis pelas ensecadeiras. Se o laboratório de modelo reduzido desempenhou papel tão decisivo na solução de problemas fluviais, isso se deve ao gênio do Engº André Balança. Na construção das subestações, a competência rara do Engº Paavo Nurmi de Vicenzi. Com o aval da aeronáutica fizemos um campo de aviação, onde pousavam aviões de uma empresa comercial e estacionavam aeronaves da Chesf, a princípio apenas um Beechcraft bimotor e um helicóptero Bell, cujo serviço de aviação foi entregue ao coronel-aviador Humberto Aguiar e ao piloto paulista Carlos Alberto Alves, depois vereador de Paulo Afonso.
A Diretoria Comercial se projetou devido a inteligência e retidão de Berenhauser Júnior, que se cercou de auxiliares capazes como Álvaro de Carvalho, Pimentel Tourinho e Euclides Ribeiro. Os grandes equipamentos eram descarregados nos portos de Recife e Salvador, seguindo em carretas para Paulo Afonso. Os milhares de sacos de cimento iam de trem até Arcoverde e de caminhão até a obra. Milhares de pessoas chegavam em Paulo Afonso em busca de pão e trabalho, construindo ao lado do acampamento um grupo numeroso de casebres cobertos com sacos vazios do cimento Poty usado nas obras, cujo núcleo veio a chamar-se Vila Poty. As redes de dormir eram toda a mobília. Na Poty a companhia construiu banheiros públicos, chafarizes, posto médico, e admitiu os homens necessários, que aprendiam facilmente o serviço e revesavam-se de dia e de noite. Ali estava o sertanejo forte mencionado por Euclides da Cunha. Na obra, o sotaque cantado do nordestino dava um toque original e romântico ao trabalho que faziam. Suportando o calor abrasador, labutavam sorrindo e cantando. Ordeiros e disciplinados, formavam um grupo peculiar no agregado brasileiro. Foi, sem dúvida, o magnífico contingente humano dos nordestinos, perfurando o granito e operando máquinas, que permitiu a vitória final.
Durante a construção, o episódio mais importante foi o fechamento do braço principal do rio, com ensecadeiras, treliças e pedras enrrocadas. O desfecho provocou o mais vivo interesse dos operários, funcionários e de outros nordestinos que afluíram às margens do rio. Até gente de outras cidades, na expectativa de ver o rio fechado. Fechadas as comportas, o Velho Chico estava domado pela astúcia do engenheiro brasileiro. Gritos de alegria e foguetes festivos tornaram aquele momento deveras emocionante e inesquecível, quando um entusiasmado espectador atravessou a pé o leito seco do rio, empunhando a bandeira nacional, em 19/07/54. Sessenta dias após, iniciou-se o enchimento do reservatório para provas de funcionamento da usina, que logo entrou em operação comercial, sendo inaugurada em 15/01/55 pelo Presidente João Café Filho, sucessor de Getúlio Vargas, que se suicidara quatro meses antes.
No acampamento, as modernas casas de alvenaria substituíam a caatinga. Casas para famílias, alojamentos para solteiros, casa de hóspedes, casa da diretoria, hospital, igreja, armazém, restaurante, escolas e clubes sociais. Um oásis sem similar no seio do sertão áspero. Vila Operária, Vila Alves de Souza, Bairro General Dutra. Ao lado do acampamento, a Vila Poty. Pioneiros que formavam a enorme família chesfiana, pessoas vindas dos mais diferentes rincões do país e do mundo, as profissões mais diversas, de todas as idades e religiões, com forte espírito de solidariedade inspirado na grandeza da obra que executavam. Num ambiente de camaradagem, todos amavam apaixonadamente aquele trabalho. Entre tantos outros profissionais, os professores responsáveis pela instrução dos milhares de filhos dos construtores de Paulo Afonso: Dilon Alves, CIáudio Melo, Antonieta Morais, Neide Cerqueira Lima, Ana Freitas, Glícia de Morais, Elvira Rocha, Iracy Santiago, Neide Jatobá, Zilá de Castro, Amanda Morais, Jandira Ramos, Maria Amélia. Ezilda Goiana, Zélia Bandeira, Conceição Siqueira, Eunice Macêdo, etc. No meio de todos, a figura ímpar de Alves de Souza, verdadeiro agremiador e condutor de homens, espírito impregnado de fé e entusiasmo. O Hospital Nair Alves de Souza (homenagem à esposa do presidente), que tinha a responsabilidade de atender aos chesfianos, de repente viu-se sob a premência de acudir numerosas pessoas estranhas, vindas até de outras cidades, atraídas pela fama que logo se espalhou. Não podendo enxotar aqueles carentes, os socorria gratuitamente. O criador e diretor do hospital, Dr. Lourival Burgos Muccini, hábil cirurgião, administrador metódico, tinha em sua equipe os médicos Fernando Freitas, Augusto de Sá Brito, José Elói Medeiros, Militão Cézar Oliveira, Edson Teixeira Barbosa (depois prefeito) e a farmacêutica Nilza Alves.
A construção da usina despertou a atenção do povo por toda parte, que via, pela primeira vez, realizar-se em solo nordestino empreendimento de tão extraordinário vulto. Poucas obras ganharam tanto interesse no Brasil inteiro, como as de Paulo Afonso. Os visitantes chegavam sem cessar, vindos de todas as partes, de ônibus, automóveis e aviões. Na sala dos visitantes ouviam explicações do projeto da hidrelétrica e seguiam com um guia para o imenso canteiro de obras. A comemoração do decênio da Companhia em 15/03/58 foi uma gigante festa íntima, que comemorou os resultados obtidos nos dez anos de intenso e fecundo trabalho, resultados que justificavam a euforia da comemoração. Paulo Afonso deixara de ser uma porção desértica da caatinga, tornando-se uma comunidade civilizada. Um magnífico monumento foi erigido ao lado da barragem oeste, o Parque Belvedere, em homenagem à diretoria realizadora da grande obra. Na programação da festa, missa campal no obelisco, churrasco para milhares de pessoas no Clube Operário, jantar no CPA, bailes em ambos os clubes, em cujas comemorações discursaram Dr. José Gomes Barbosa, Dr. Ebenézer Gueiros, Dr. Paulo Parísio, Dr. Waldemar de Carvalho, Dr. Carlos Berenhauser, Dr. Alves de Souza, Dr. Sílvio Quintela, Dr. Marcondes Ferraz, Dr. Hélio Gadelha, Sr. Pimentel Tourinho, Dr. Roberto Montenegro, Sr. José Francisco Oliveira Diniz, Sr. Olímpio Rodrigues dos Santos e Dr. Afrânio de Carvalho.
Paulo Afonso deixava de ser um sonho utópico, abstrato, para ser a redenção do nordeste brasileiro, realidade concreta e incontestável.
No monumento do Parque Belvedere estão gravadas para sempre as palavras do Dr. Sílvio Quintela:

“A FÉ, A TENACIDADE, O SACRIFÍCIO E A UNIÃO TORNARAM REALIDADE O ANSEIO DE VÁRIAS GERAÇÕES”.
NOTA: O Dr. Afrânio de Carvalho ingressou no Chesf no início de suas atividades em 1948, como Consultor Jurídico. Com o falecimento, em 1953, do Dr. Adozindo Magalhães, primeiro Diretor Administrativo da companhia, foi promovido a seu substituto. Em 1961, por razões políticas, pediu ao presidente Jânio Quadros exoneração do cargo de diretor, voltando à Consultoria Jurídica, onde ficou até aposentar-se em 31/12/74. Dedicou 26 anos de sua vida à epopéia de Paulo Afonso.





HISTÓRIA DE PAULO AFONSO
A região de Paulo Afonso começou a ser habitada por bandeirantes portugueses, no início do século XVIII. Chefiados por Garcia D'Ávila, subiram o rio São Francisco e atingiram as terras onde hoje está localizado o município.
Em 1725, o sesmeiro Paulo Viveiros Afonso, recebeu por alvará uma sesmaria, situada na margem esquerda do rio, no lado alagoano, e que abrangia as terras da cachoeira, até então conhecida como Sumidouro.
Tempos depois, em 1913, Delmiro Gouveia, industrial e empresário da época, vislumbra com o potencial da região, e implanta um grande e ousado projeto, a primeira usina hidrelétrica do Nordeste, a Usina Angiquinho.
A partir da idéia do pioneiro Delmiro Gouveia, o então Presidente do Brasil, Getúlio Vargas assina o Decreto autorizando a organização da CHESF - Companhia Hidrelétrica do São Francisco, oficializada em1948 com a primeira Assembléia Geral de Acionistas.
Em torno da CHESF nasce a o que viria a ser a cidade de Paulo Afonso, até então parte do município de Glória. Só em 1958 a nasce o município, através de sua emancipação política.
Paulo Afonso é uma cidade ainda jovem, com um grande futuro pela frente, uma cidade conduzida por mãos fortes de um povo trabalhador e alegre. Hoje considerada uma das melhores cidades do nordeste, dinâmica e com um grande potencial de crescimento, o verdadeiro “Oásis do Sertão”.
O atual Município de Paulo Afonso, nos primórdios do século XVIII, foi habitado por bandeirantes portugueses que, chefiados por Garcia d'Ávila, subiram o rio São Francisco e atingiram as terras onde hoje está localizada a Cidade. Seduzidos pela abundância de água e imensidão dos campos muitos se deixaram ficar. Encontrando os pacíficos índios mariquitas e pancarus, com eles dedicaram-se à lavoura e a criação de gado, embora desde meados de 1705, padres católicos tivessem iniciado a catequese dos silvícolas, principalmente com intuito de evitar que fossem explorados pelos bandeirantes.
Em 3 de outubro de 1725, o sertanista Paulo Viveiros Afonso recebeu, por alvará, uma sesmaria medindo três léguas de comprimento por uma de largura. Situada na margem esquerda do rio São Francisco, abrangia as terras alagoanas da Cachoeira, conhecida, então, como "Sumidouro". Não se conformando com a área que recebeu, o donatário ocupou, além das ilhas fronteiras (entre as quais a da Barroca ou Tapera), as terras baianas existentes na margem direita, onde construiu um arraial que, posteriormente, se transformou na Tapera de Paulo Afonso. A localidade, procurada como pouso de boiadas, começou a exigir desenvolvimento comercial que atendesse à solicitação de gêneros, por parte, não só dos adventícios, como da população local. O lugarejo já era expressivo núcleo demográfico do município de Glória, quando o Governo Federal, em 15 de março de 1948, criou a Companhia Hidrelétrica do São Francisco, com a finalidade de aproveitar a energia da Cachoeira de Paulo Afonso. O acampamento de obras localizou-se nas terras da Fazenda Forquilha. Em torno das instalações da Usina cresceu a Cidade.
CACHOEIRA DE PAULO AFONSO
As expedições, que iniciaram em 1553 a penetração do rio São Francisco, estão ligadas a história da Cachoeira de Paulo Afonso.
Nos séculos XVI e XVII, de acordo com os arquivos de Portugal e do Brasil, a Cachoeira era conhecida como "Sumidouro" ou "Forquilha", passando a ter a atual denominação após a concessão de uma sesmaria a Paulo Viveiros Afonso, através do Alvará de 3 de outubro de 1725.
Foi Delmiro Gouveia o pioneiro que, em 26 de janeiro de 1913, inaugurou uma pequena usina de 1.500 HP, hoje paralisada e fez transportar energia elétrica de Paulo Afonso para a localidade de Pedra, atual Cidade de Delmiro Gouveia, sede do município de igual nome, desmembrado do de Água Branca, em Alagoas.
A principal característica de Paulo Afonso e ter sido a primeira usina subterrânea instalada no Brasil. Suas turbines encontram-se a mais de 80 metros abaixo do nível do rio São Francisco.
FORMAÇÃO ADMINISTRATIVA
Paulo Afonso passou a Distrito do município de Glória pela Lei Estadual n.° 628, de 30 de dezembro de 1,953, tendo sue instalação se verificado em 24 de setembro do ano seguinte.
Em 28 de julho de 1958, a Lei Estadual n.° 1.012 dá ao Distrito de Paulo Afonso autonomia política tornando-o Município.
O Município é sede de Comarca da 1ª entrância, criada a 3 de março de 1966, pela Lei n.° 2.314, e sua jurisdição abrange os municípios de Glória. Rodelas e Santa Brígida.

Fonte: Biblioteca IBGE